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sábado, 18 de julho de 2015

Entendendo cada posição do parto!

Boa tarde meninas!
Hoje quero trazer um post para vocês com uma informação muito preciosa.
Vamos entender quais as posições para o expulsivo e os benefícios de cada uma delas juntas!
Espero que seja útil e esclarecedor quanto a escolha de cada leitora.

O momento do expulsivo é sem dúvida o mais esperado. Chegou a tão esperada hora de conhecer o bebê! Nesse momento a mulher deve manter a respiração e a tranquilidade, entender o seu corpo e escolher a melhor posição para parir é essencial.

*Cócoras:

Benefícios:
* Abre a pelve para a sua máxima capacidade;
* Aproveita a força da gravidade;
* Expulsivo no geral mais rápido, com menos puxos;
* Facilita a rotação do bebê e sua descida.

* Semi-sentada:
 Benefícios:
* Uma boa posição para descansar;
* A inclinação pélvica permite uma maior abertura do colo do útero;
* Aproveita algo da força da gravidade.

* Sentada:

Benefícios:
* Uma boa posição para receber massagens na lombar, o que ajudara no alívio das dores;
* Aproveita algo da gravidade;
* Boa posição para descansar.

* De quatro: 

Benefícios:
* Tira a pressão das hemorróidas;
* Gravidade neutral: torna mais lento um expulsivo que está indo rápido demais;
* Facilita a rotação do bebê para a posição posterior;
* Pode proporcionar alivio para as dores na lombar e ajudar na progressão do bebê na direção da saída do colo do útero.


*Deitada de lado: 


Benefícios:
* Gravidade neutral, também ajuda quando o expulsivo está indo rápido demais;
* Excelente posição para descansar;
* Pode ser de grande ajuda para evitar uma epsiotomia quando o parto só pode acontecer com a mulher deitada;
* Boa posição para receber massagens de alivio.


É isso meninas! Conhecimento não ocupa espaço, conhecer e entender melhor o nosso próprio corpo então nem se fala! Eu desejo a cada leitora um ótimo final de semana e  para as gestantes um parto cheio de satisfação! Que as escolhas de vocês sejam respeitadas. Empodere-se para esse momento único de suas vidas! Um super beijo.
Sil.

sábado, 29 de novembro de 2014

Sensibilidade do profissional e intervenções em recém nascidos.

Olá bonitos e bonitas (como diz minha amiga Dani... rsrsrs)
Hoje vim falar um pouco da importância da sensibilidade dos profissionais que dão assistência à mulher nesse momento incrível da sua vida: o parto!



O parto é da mulher! O profissional viabiliza o nascimento tanto do bebê como da nova mãe que vai nascer ali no momento do parto com informações, conhecimento e sensibilidade neh minha gente?! Pois bem,  teria que ser assim mas infelizmente nem tudo que deveria ser é.

Assisti apenas o momento expulsivo do parto de Giovana (pseudônimo) na última segunda-feira quando estive na maternida mas já foi mais do que suficiente para escrever aqui o meu olhar e o meu relato... 

Um médico (muito provavelmente residente) fazia esse atendimento. Primeira filha da gestante, tinha como acompanhante o parceiro que também era um pai de "primeira viagem", ou seja os pais, ambos estavam apreensivos, nervosos, sem saber muito o que fazer e como agir e reagir diante da dor, da ansiedade, da insegurança e etc...

Começam os puxos dirigidos, a falação sem fim: força Giovana, FORÇA... não pode fechar a perna de jeito nenhum porque se não seu bebê pode nascer com algum problema - diz o médico que também desmontrava muita apreensão.

O acompanhante da gestante na tentativa de "ajudar" também começa a "repreender" a futura mamãe com frases como : Giovana, você precisa fazer a força corretamente, você não ouviu o médico? Vamos!!!!!!
Giovana diz: está doendo MUITO e da um suspiro, o acompanhante logo responde: ué, mas é pra doer mesmo! (Confesso que neste momento minha vontade era dizer: meu "querido" xiu, fica quietinho por gentileza!)
E assim seguia o parto, o médico aumenta a voz: Giovana esse momento não pode demorar, é o momento mais importante do parto, você precisa nos ajudar fazendo a força correta para o seu bebê descer e não feche a perna, pois isso pode sufocar o seu bebê! O tom de voz não era nada doce ou amigável, muito menos paciente, pelo contrário, era autoritário e um tanto quanto indelicado, se é que vocês me entendem!

* O momento expulsivo pode durar alguns minutos ou horas, tudo depende do corpo de cada mulher e do nascimento de cada bebê! Os batimentos do bebê devem ser monitorados e esse é o parâmetro para uma intervenção mais firme quando necessária.

* Existem duas abordagens com relação a força que a mulher precisa fazer no trabalho de parto.
A primeira e é a mais comum em hospitais no Brasil é justamente essa relatada aqui: os "puxos precoces" onde uma pessoa instrui a gestante na hora de fazer a força quando o colo do útero ja estiver totalmente dilatado, ainda que essa gestante  não sinta a vontade de fazer a força!
A segunda alternativa é aguardar o momento do corpo da mulher onde ela mesma vai sentir incontrolavelmente essa vontade de fazer a força, é como se o próprio corpo dela pedisse isso! Para isso ela precisa estar conectada, "ouvindo" o seu corpo e o profissional precisa esperar este momento.

Giovana estava na sala de parto há cerca de 10 minutos, uma pediatra muito querida chegou na sala, tentou acalmá-la com uma abordagem mais delicada, porém a pediatra não tem autonomia para dirigir o parto, logo, então ela se retira e da o espaço para o médico seguir conduzindo. Seguiam-se os puxos dirigidos e então entra uma outra médica para dar uma "mãozinha" na descida do bebê com a manobra Kristeller, porém não foi suficiente e mais uma vez a epsio foi uma opção escolhida por essa equipe na vida de mais uma mulher!

*Já falei um pouco sobre a epsiotomia e manobra de Kristeller aqui no blog, se você quiser saber mais basta fazer uma busca.

Carolina (pseudônimo) nasceu bem, demorou um pouquinho para chorar e recebeu  os procedimentos de nitrato de prata e aspiração das vias aéreas. Chorou muito e ficou bem agitada com essas intervenções.

*Nitrato de prata é um colírio que causa irritação ao bebê por arder muito e doer, esse colírio serve para tratar uma possível infecção que é causada pela bactéria chamada gonococo, que se caso não for tratada pode causar a cegueira. A real indicação desse colírio é para mães que são portadoras de gonorreia e em caso de bebês que nascem pela via vaginal. Esse procedimento é comum nas maternidades do Brasil tanto para mães que fizeram o exame e não são portadoras da doença como em bebês que nascem de cesarianas.

*Aspiração das vias aéreas é uma espécie de sonda que é colocada no nariz e passa também pela via oral do bebê a fim de limpar as vias aéreas, porém os bebês são capazes de tossir  e espirrar sozinhos e dessa forma limpar as vias aéreas, sem contar que quando passam pelo canal vaginal os pulmões são massageados provocando a expulsão natural dos liquidos. Esse procedimento além de ser muito desconfortável pode causar doenças respiratórias e cardíacas nos rescém nascidos.


Vamos refletir juntas, será que esse modelo de atendimento à gestante e ao bebê que acaba de chegar ao mundo faz juz a um momento único e tão especial na vida de cada mulher e de cada família brasileira? Um momento de extrema sensibilidade, amor, incertezas, dúvidas, medos, inseguranças e alegria não precisaria de um pouco mais de empatia, solidariedade e sensibilidade?
É de extrema importância retreinar os profissionais do parto no Brasil! Uma reciclagem não seria nada mal. Não acredito que eles deveriam estar ali  para ser "comandantes" do nascimento, mas sim para dar total apoio à essa nova família que nasçe, que renasçe. Apoio que vai desde todo o conhecimento para realização do parto até um aperto de mão, um sorriso ou uma lágrima de emoção. A doula é de extrema importância em relação a esse suporte emocional e uma peça fundamental na equipe, mas uma andorinha só não faz verão não é mesmo? Nós estávamos lá com Giovana, eu e minha amiga doula Márcia Benália, nosso olhar era de ternura, nossas frases de apoio e incentivo. Nosso coração? Partido... por ver tamanha frieza e indelicadeza.

O que mais me chamou atenção nesse parto que presenciei não foram as intervenções desnecessárias, mas o "automático" do "dotô", como se tudo fosse muito simples e fácil para aquela mãe, em cada frase dita, no tom de voz, nas escolhas, uma coisa ficou muito clara pra mim : a SENSIBILIDADE é uma palavra um tanto quanto desconhecida para este jovem médico que prestou um atendimento rotineiro e  apático para uma nova família nascida na metrópole chamada São Paulo que precisa urgente de MAIS AMOR.


sexta-feira, 24 de outubro de 2014

A dor do parto, ansiedade e medo? Vamos enxergar juntas de outra forma!

Boa tarde mulherada querida!!!
Sexta-feira que dia mais feliz...

Quero contar um pouco pra vocês uma experiência sobre um trabalho de parto intenso vivido ontem!
Vamos pensar juntas na dor do parto?

Cheguei na maternidade e logo de cara já encontrei uma gestante com 6cm de dilatação, balançando as pernas sem parar, muito ansiosa e "brigando" com as contrações.
Me aproximei, conversei com a mãe que era sua acompanhante, conversei com ela, ofereci massagens mas ela não quis nesse primeiro momento.

Subi para outra ala da maternidade que é da amamentação para ajudar e depois de uns 30 minutos retornei para seguir com a missão de tentar ajudar Katia (pseudônimo) nessa relação com a dor do parto e a espera.

As contrações evoluiram e com essa evolução ela se rendeu à ajuda! Iniciei as massagens e aos poucos consegui um diálogo, ela me contou que ja estava sentindo as dores das contrações há 4 dias e esse era um dos motivos para tanto desconforto quanto as contrações. Ela estava sem dormir e sem se alimentar como deveria durante esses 4 dias, o que gerou uma irritação ainda maior.

* Chamamos esse "alarme falso" de pródromos, quando a gestante começa a sentir dor nas costas e até contrações mas elas não são regulares, o tempo de duração do pródromos é variável, pois cada organismo é único e responde de forma única! Pode ocorrer em alguns casos a perda do tampão mucoso também. O que de fato caracteriza a diferença entre esse período e o trabalho de parto ativo são as contrações regulares que resultam na dilatação total do colo do útero.

Conduzimos Katia para o banho quente, para que ela tentasse relaxar um pouco, mas ela conseguiu permanecer apenas por 10 minutos.
Voltamos para o quarto, tentamos encontrar juntas a forma mais eficiente para ela. Aos poucos fomos conseguindo uma conexão! A mãe dela que estava "tomando um ar" voltou e ai ela também foi entendendo aos poucos a melhor forma para ajudar, abraçou a filha, disse palavras positivas e tentava segurar as lágrimas para se manter forte.

As massagens, as palavras, as conversas ajudaram Katia, porque no início ela nem ao menos queria qualquer tipo de apoio , mas com o passar do tempo ela mesma sinalizava a região do corpo onde queria e precisava de ajuda.
Conseguimos também desenvolver um elo suficiente ao ponto de Katia confiar em mim e ouvir os meus conselhos, ela apertou a minha mão diversas vezes, verbalizou a dor e focou na respiração, mas ainda assim as "perninhas" continuavam a balançar sem parar, o tempo todo, como um torcedor que assiste ansioso a final da Copa do Mundo! 




* Pensando um pouco sobre a dor do parto e como podemos enxergá-la com um outro prisma. O primeiro passo é se preparar para o parto, ler sobre o assunto, ir trabalhando a respiração, a verbalização da dor, mas também ir aos poucos trabalhando o psicológico para esse momento. Muitas situações podem contribuir para o descontrole da mulher nesse momento, medo do que ainda está por vir, tristeza por algum fato em sua vida, abandono, insegurança, ansiedade, o ambiente do parto e etc... Portanto se focar APENAS no parto neste momento em que ele se inicia é de extrema importância, é fácil? Não, mas é possivel! Trabalhando os pensamentos, aprendendo controlar os sentimentos, ouvindo seu corpo... Essa expressão de ouvir o corpo é possivel estando desesperada, preocupada e com uma ansiedade ao extremo? Não, claro que não. Então, mãos a obra, rsrsrsrs.
No intervalo das contrações descanse, coma o que sentir vontade, abraçe quem você quiser, beije, sorria, durma se conseguir (acredite, isso É POSSÍVEL)
Na hora das contrações, acalme-se, respire bem fundo, encare a dor como aliada e não como inimiga, tenha uma doula por perto, rsrsrsrs (olha a propaganda) e o mais importante: acredite em VOCÊ!

Katia não conseguiu enxergar a dor dessa forma e isso não a ajudou em nada, pelo contrário, o corpo com certeza ficou mais dolorido por contrair tanto os músculos, a ansiedade não acelerou o parto, ao contrário disso o que a ajudaria é: a calma, a paciência e a entrega, isso mesmo, a entrega, se entregue ao seu bebê nesse momento tão precioso que é o nascimento dele e se entregue à VOCÊ MESMA, porque certamente não é só ele que nasce, uma nova mãe surge nesse processo de parir! 

Desejo pra cada leitora um ótimo fim de semana, para aquelas que estão aguardando a chegada de um príncipe ou de uma princesa espero que seja útil essa leitura e ajude vocês nessa relação com o medo da dor e o parto!
Um beijo.

domingo, 5 de outubro de 2014

Um outro olhar, uma nova cena!

Oi mulherada!
É com muita alegria que eu escrevo esse relato vivido na última sexta-feira.

Eu sabia que não seria como os outros partos que eu acompanho na maternidade porque a gestante leu, se empoderou e já estávamos em contato antes do seu trabalho de parto, ou seja, não éramos desconhecidas!

Quando cheguei, Julia (pseudônimo) estava com 7cm de dilatação, mantendo a calma, ela estava comendo uma maçã, tomando suco de uva e focada na respiração.

A maternidade estava muito tranquila nessa noite, então o enfermeiro obstetra teve tempo para conversar conosco, compartilhar histórias e informações; sorrimos juntos, tiramos dúvidas,  todos estavam ali com o mesmo sentimento: felizes, esperando a chegada do Gabriel (pseudônimo).

Julia estava acompanhada do seu esposo, que carinhosamente se manteve ao seu lado em todo tempo.
Sem ocitocina "artificial" e com a melhor equipe da maternidade (infelizmente não posso citar nomes), ela teve as escolhas respeitadas, quando pediu para andar já com 9cm de dilatação foi lhe permitido. Quando me pediu massagens específicas eu a ouvi. Na reta final, ela sentiu muita dor nas pernas, na parte inferior, então o alívio que ela precisava não era na lombar e sim nas pernas, e o pedido foi atendido, uma massagem mais forte nessa região do seu corpo.
Houve momentos que ela pensou que não ia conseguir, com muito sono e cansada ela se lançava nos braços do seu esposo. 
Ela disse algumas vezes: eu não vou mais querer ter filhos, nesse momento o enfermeiro obstetra disse com muita calma e com um sorriso no rosto: Julia, a ocitocina tem, entre outras funções, fazer com que você esqueça de toda essa exaustão e dor quando seu bebê nascer.

* Falando um pouco desse hormônio tão poderoso: OCITOCINA, mais conhecida como" hormônio do amor", a ocitocina é liberada durante todo o trabalho de parto, produzida no cérebro, ela circula sobre todo o corpo da mulher, a medida que o parto evolui a ocitocina aumenta, e na reta final a mãe está praticamente intoxicada desse hormônio, o que vai lhe dar a sensação de enorme prazer, satisfação, alegria, amor, entre tantos outros sentimentos quando ela encontrar com o seu bebê pela primeira vez em seus braços. É nesse momento que toda dor e cansaço são praticamente esquecidos pela gestante devido à essa função de apagar da memória toda exaustão vivida pela mulher.
PS: Ocitocina, te amamos, rsrsrs!

Julia foi conduzida para o banho quente, teve acesso a bola, pequenos detalhes mas que fizeram a diferença para lhe proporcionar um parto digno!

Com a dilatação total ela foi conduzida a outra sala onde os partos são realizados.
O tão esperado momento expulsivo contou com a mesma tranquilidade de Julia e ainda com a melhor e mais humanizada equipe da maternidade.
Não foi necessário epsiotomia, o tempo do bebê e da gestante foram respeitados, com muita calma Gabriel veio ao mundo e o primeiro "lugar" que conheceu foi os braços afetuosos de sua mãe, tão jovem (18 anos) mas tão pronta para lhe amar com o maior amor do MUNDO! 
Julia teve laceração de primeiro grau, recebeu todos os cuidados necessários e informações importantes da enfermeira que realizou o parto, uma doçura de enfermeira.

Julia segue sua vida com uma nova missão agora: cuidar, amar e educar o pequenino Gabriel, ela e seu esposo estão muito felizes e realizados! 

É possivel um parto digno e respeitoso nas maternidades públicas do Brasil? SIM, É.
A humanização começa de dentro pra fora! Com uma equipe consciente e que ama o que faz, o carinho é possível, o respeito é possível e a dignidade é possível!






terça-feira, 23 de setembro de 2014

Vi, ouvi e escrevi.

Uma “menina” de 18 anos esperando seu primeiro filho, um parto, uma história, uma lembrança...

Quando cheguei na maternidade ela já estava com 8cm de dilatação. A cardiotocografia sinalizava que estava tudo bem com os batimentos do bebê,  o trabalho de parto estava avançado e evoluindo  muito bem;  Daniela (pseudônimo) estava com calafrios, o que é natural por causa das contrações, mas se mantinha tranquila, pedindo muita água e tentando “ouvir” o seu corpo, estava totalmente receptiva à ajuda das doulas daquele plantão, focada na respiração.  Ofereci uma coberta, ela aceitou e ficou mais confortável nesse momento.

Começaram  então os “toques”, um atrás do outro e  por enfermeiras diferentes , o pedido era  sempre o mesmo : força, mais força, segura o joelho, queixo no peito, vamos.... força, ta fazendo a força errada! Depois de consecutivos exames de toque e com 9cm de dilatação decidiram conduzir Daniela ao “cavalinho” – um aparelho que auxilia no trabalho de parto, trata-se de um assento ativo pois mantém a gestante em movimento mesmo sentada, como este que podemos ver aqui:




Passaram-se cerca de 20 minutos e as enfermeiras estavam de volta para avaliar a evolução. Perdi as contas de quantos exames de toque foram realizados ali naquela sala. Isso foi irritando Daniela, ela já não encontrava posição, dizia que estava doendo, fechava a perna , passava a mão no cabelo, pedia pra parar, mas infelizmente ela não foi ouvida.  Uma das enfermeiras errava várias vezes o nome do bebê que Daniela estava esperando, como se isso fosse uma piada de descontração , mas não funcionava pra essa mãe que estava ali cansada, com sono  e visivelmente irritada. Havia porém uma coisa “muito boa” nisso tudo -  o períneo dela era ótimo, tinha uma elasticidade incrível -  isso era o que as enfermeiras diziam a cada toque realizado.


* Os exames de toque são realizados para medir a dilatação do colo do útero. Cada mulher tem o seu tempo de dilatação, não resolve tocar a cada meio minuto para observar a dilatação, o que realmente ajuda é respeitar o tempo de cada mulher, o processo natural do seu corpo, ajudar essa gestante manter a calma tranquilizando-a e apoiando-a com informações sobre o seu bebê e sobre o parto.

Enfim, Daniela conseguiu chegar aos dez dedos de dilatação e foi levada  até a sala de parto.
Deitada em uma “cama” com as pernas para cima e ao seu  redor uma equipe de 7 pessoas, todas falando a mesma coisa: força, mão no joelho, queixo no peito... vamos, vamos, mais força, a força ta errada,  ahhh agora sim força certa... boa garota!

Após dez minutos na sala de parto uma enfermeira resolve “ajudar” e sobe na escadinha para ter apoio e ai empurra a barriga de Daniela para baixo para “auxiliar” no momento expulsivo ,  ela pede licença claro e informa: quem vai fazer a força é você, eu  vou apenas ajudar o bebê para não subir novamente, tudo bem?!  Daniela responde:  anham.

* O nome que se dá a esse procedimento é manobra de Kristeller, que é exatamente isto, empurrar a barriga para baixo com as duas mãos ou com o antebraço. O objetivo é acelerar a descida do bebê, porém de acordo com a Organização Mundial da Saúde é prejudicial pois pode causar fraturas ósseas, lacerações graves, bebês machucados  e etc.

Bom, ainda bem que o períneo de Daniela é  excelente e tem uma elasticidade incrível (como disseram as próprias enfermeiras)! Ops, acho que não é bem assim, ouço uma enfermeira solicitar: “epsio” por favor, vamos ter que "ajudar"!

* A epsiotomia ou epsio é uma incisão realizada no períneo  (área muscular entre a vagina e o ânus). Também realizada nesse período expulsivo para acelerar o nascimento. Não há evidências que realmente validem essa prática, uma vez que lacerações naturais podem ocorrer e o corte no períneo não pode ser considerado uma indicação para “solucionar” essa questão. 



Ouvimos o choro do bebê e graças a Deus ele foi levado primeiro para os braços da mãe que respirava aliviada e com um sorriso tímido no rosto.

Em todo o tempo os batimentos do bebê estavam bem.  Daniela evoluía muito bem, era seu primeiro filho, seu primeiro parto. 

Será que era necessário tudo isso? Será que se Daniela estivesse em uma posição confortável pra ela e fosse lhe permitido ter a liberdade de sentir e ouvir o seu corpo ela precisaria de tantas “ajudas” como essas que foram oferecidas à ela? Qual será a lembrança no coração dela? Porque será que tantas mulheres tem pânico do parto normal? Seria porque nem todo parto normal é natural?

Talvez Daniela não saiba, mas ela sofreu violência obstétrica. A maior “arma” que temos nas mãos contra esse tipo de violência é a informação, se empoderar, questionar e dizer NÃO!

A humanização começa de dentro para fora. Espero que esse relato inspire vocês na luta pela humanização no Brasil, e ajude você gestante em suas escolhas.






domingo, 14 de setembro de 2014

Gravidez e alergia: Combinação perfeita para um parto humanizado.

Olá meninas, esse relato é da Márcia Benália, uma grande amiga que ganhei na maternidade onde atuamos juntas como doula. 

Meu nome é Marcia Benalia e sou mãe de duas crianças. Na verdade, um já é adolescente, lindo com seus 15 anos de idade e a outra é uma bebê fofa, de 2 anos.
Além de doula, sou consultora de amamentação, instrutora de shantala e aromaterapia. Sou formada em Comunicação e atualmente, curso uma pós-graduação de Psicologia e Maternidade. Junto com duas amigas que, assim como eu, passaram a ter uma vida com mais propósito, formamos uma empresa que presta serviços e consultoria para gestantes e mães, a Maternity Coach.

Doulando voluntariamente em uma maternidade filantrópica, sempre acompanhei partos normais, mas nunca havia presenciado um parto humanizado por lá.  Até que, em uma bela noite de lua cheia, doulei uma mulher chamada Adriana. Ela desceu da ambulância, vindo de transferência de uma maternidade pública, já avisando: Sou alérgica a todo e qualquer medicamento! Sem saber, ela estava mudando toda a história do parto dela e vou contar o porquê!

Logo que as gestantes chegam à maternidade onde atuo como voluntária, não importa se sentindo as contrações iniciais ou já parindo, elas acabam recebendo ocitocina na veia para “ajudar” na evolução do trabalho de parto.

O nosso organismo produz naturalmente a ocitocina. Ela é responsável por gerar as contrações do útero durante o trabalho de parto e  liberar o leite durante a amamentação. Sob seu efeito, durante as contrações, sentimos dor, mas nada insuportável. Diz a lenda que as dores existem justamente para avisar as mulheres que seu bebê está chegando e que devem procurar um local tranquilo para parir. Este sinal era de extrema utilidade na época das Cavernas, já que as mulheres, sem as informações que dispomos atualmente, utilizavam as dores como um aviso, que significava: hora de procurar um abrigo seguro para parir e ficar com seu bebê! Assim como acontece com todos os mamíferos.

Existe, ainda a versão sintética da ocitocina, produzida em laboratório, que é na verdade  uma medicação muito útil e que pode ajudar a salvar vidas se corretamente indicado, como quando usado para contrair o útero após um parto ou aborto, em virtude de sangramento abundante, prevenindo hemorragias que poderiam levar a perda do útero e até a morte. O problema é seu uso indiscriminado nas maternidades… Como este hormônio também pode ser usado para iniciar o trabalho de parto quando ele não ocorre naturalmente (lembrando que se ele não ocorreu naturalmente, era porque ainda não estava na hora…) podendo regularizar as contrações quando elas não estiverem efetivas e for diagnosticado que o trabalho de parto não está evoluindo de maneira adequada, ele acaba sendo utilizado de forma corriqueira. Mas, como todo medicamento, há efeitos colaterais e pessoas alérgicas à sua composição não devem recebê-lo. Era o caso da Adriana!

Graças à sua alergia, ninguém pode “ajudar” a Adriana em seu trabalho de parto, colocando o “sorinho” em suas veias. Ela teve que contar apenas com seu corpo para o nascimento de seu bebê. Andando pelo corredor, usando a bola, recebendo massagens e  tomando um bom e longo banho de chuveiro, ela foi sentindo as contrações, cada vez mais fortes, porém compatíveis com o que seu corpo poderia aguentar. Quando sentiu que era hora de seu bebê vir para seus braços, avisou a equipe médica, foi caminhando até a sala de parto e ali, tranquilamente, muito focada no que estava fazendo, pariu lindamente. Tão lindamente que até a enfermeira que estava auxiliando no parto e que até aquela hora não havia demonstrado nenhum tipo de envolvimento com a parturiente, se emocionou. Não me contive e disse que aquele era o parto mais lindo que eu havia acompanhado, ali, naquela maternidade. Depois, pensando por qual motivo aquele parto tinha sido especial, cheguei a uma única conclusão: ausência de ocitocina sintética!!!

Com ocitocina na veia, as contrações são muito mais doloridas e por conta disto, muitas mulheres acabam se concentrando mais na dor do que no parto em si. Ela acaba tirando o direito da mulher de ser a protagonista do nascimento dos filhos, sentindo e conduzindo o parto em todas as suas etapas.

Alergia a medicamentos pode ser um fator complicador na gestação? No caso da Adriana, não! Graças a alergia ela foi poupada de todo e qualquer procedimento médico, tendo direito ao que era seu por direito: o parto do seu filho.


Marcia Benalia é comunicóloga, cursando pós-graduação em psicologia e maternidade, doula, consultora de amamentação e instrutora de shantala certificada pelo GAMA(Grupo de Apoio a Maternidade Ativa), consultora em aromaterapia para gestantes certificada pela Aromaflora, sócia da Maternity Coach(www.maternitycoach.com.br), mãe de dois filhos e estudiosa dos benefícios que a natureza nos promove.