domingo, 5 de outubro de 2014

Um outro olhar, uma nova cena!

Oi mulherada!
É com muita alegria que eu escrevo esse relato vivido na última sexta-feira.

Eu sabia que não seria como os outros partos que eu acompanho na maternidade porque a gestante leu, se empoderou e já estávamos em contato antes do seu trabalho de parto, ou seja, não éramos desconhecidas!

Quando cheguei, Julia (pseudônimo) estava com 7cm de dilatação, mantendo a calma, ela estava comendo uma maçã, tomando suco de uva e focada na respiração.

A maternidade estava muito tranquila nessa noite, então o enfermeiro obstetra teve tempo para conversar conosco, compartilhar histórias e informações; sorrimos juntos, tiramos dúvidas,  todos estavam ali com o mesmo sentimento: felizes, esperando a chegada do Gabriel (pseudônimo).

Julia estava acompanhada do seu esposo, que carinhosamente se manteve ao seu lado em todo tempo.
Sem ocitocina "artificial" e com a melhor equipe da maternidade (infelizmente não posso citar nomes), ela teve as escolhas respeitadas, quando pediu para andar já com 9cm de dilatação foi lhe permitido. Quando me pediu massagens específicas eu a ouvi. Na reta final, ela sentiu muita dor nas pernas, na parte inferior, então o alívio que ela precisava não era na lombar e sim nas pernas, e o pedido foi atendido, uma massagem mais forte nessa região do seu corpo.
Houve momentos que ela pensou que não ia conseguir, com muito sono e cansada ela se lançava nos braços do seu esposo. 
Ela disse algumas vezes: eu não vou mais querer ter filhos, nesse momento o enfermeiro obstetra disse com muita calma e com um sorriso no rosto: Julia, a ocitocina tem, entre outras funções, fazer com que você esqueça de toda essa exaustão e dor quando seu bebê nascer.

* Falando um pouco desse hormônio tão poderoso: OCITOCINA, mais conhecida como" hormônio do amor", a ocitocina é liberada durante todo o trabalho de parto, produzida no cérebro, ela circula sobre todo o corpo da mulher, a medida que o parto evolui a ocitocina aumenta, e na reta final a mãe está praticamente intoxicada desse hormônio, o que vai lhe dar a sensação de enorme prazer, satisfação, alegria, amor, entre tantos outros sentimentos quando ela encontrar com o seu bebê pela primeira vez em seus braços. É nesse momento que toda dor e cansaço são praticamente esquecidos pela gestante devido à essa função de apagar da memória toda exaustão vivida pela mulher.
PS: Ocitocina, te amamos, rsrsrs!

Julia foi conduzida para o banho quente, teve acesso a bola, pequenos detalhes mas que fizeram a diferença para lhe proporcionar um parto digno!

Com a dilatação total ela foi conduzida a outra sala onde os partos são realizados.
O tão esperado momento expulsivo contou com a mesma tranquilidade de Julia e ainda com a melhor e mais humanizada equipe da maternidade.
Não foi necessário epsiotomia, o tempo do bebê e da gestante foram respeitados, com muita calma Gabriel veio ao mundo e o primeiro "lugar" que conheceu foi os braços afetuosos de sua mãe, tão jovem (18 anos) mas tão pronta para lhe amar com o maior amor do MUNDO! 
Julia teve laceração de primeiro grau, recebeu todos os cuidados necessários e informações importantes da enfermeira que realizou o parto, uma doçura de enfermeira.

Julia segue sua vida com uma nova missão agora: cuidar, amar e educar o pequenino Gabriel, ela e seu esposo estão muito felizes e realizados! 

É possivel um parto digno e respeitoso nas maternidades públicas do Brasil? SIM, É.
A humanização começa de dentro pra fora! Com uma equipe consciente e que ama o que faz, o carinho é possível, o respeito é possível e a dignidade é possível!






2 comentários:

  1. Que trabalho fantástico Silvia, essa é uma missão poderosa!!! Entendi o quanto é importante o apoio emocional nesse momento de fragilidade... Estou encantada e orgulhosa de ti!

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